segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Modo de sobrevivência ON

Sabes que alguma coisa tem de mudar na tua vida. Sabes que algo está seriamente errado contigo quando os teus dias se resumem a uma contagem decrescente entre o momento em que, a muito custo, te levantas da cama, e aquele em que voltas para lá. 


quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Uma gripe para mim outra gripe para ti

Eu achava que depois de ter passado cerca de quatro horas de uma madrugada na sala de espera de um hospital público e não ter apanhado nenhuma virose, este ano já não havia bicho que me pegasse. Estava safa. Ainda para mais, tendo em conta que uma dessas horas foi passada com uma mulher virada para mim, a tossir veemente e a contar-me como se sentia doente e cansada, que vivia com um sogro maluco que não a deixava dormir porque passava a noite a gritar e ninguém o convencia a ir ao médico ou a tomar os comprimidos. Dizia-me a senhora que só queria ser atendida pelo médico argentino, o Dr. Javier, que lhe tinha salvo a vida há uns meses quando inalou lixívia e ficou com os pulmões queimados. Não queria ser vista pelo médico ucraniano que era bruto como as casas nem pela médica cabo-verdiana, "a preta" como lhe chamava, que despachava toda a gente a ben-u-ron.
Mas comecei a ver o caso mal parado quando na sexta-feira, dia dos namorados, o meu chega a casa a meio do dia a dizer que se sentia mal e que não conseguia trabalhar. Com quase cinco anos de convivência nunca o tinha visto queixar-se assim. Caiu à cama todo o fim-de-semana queixando-se como se o mundo foss
e acabar. Cuidei dele o melhor que pude mas a paciência às vezes esgota-se e quando acabámos por discutir levo com um: "tu não respeitas nada, nem a minha doença". Isto dito a uma pessoa que viu o pai definhar 7 meses com um cancro no estômago de forma estoica e sem choradinhos tira-me do sério mas enfim. Cada um é para o que nasce. No Domingo à noite já ele se começava a sentir melhor e eu a começar a sentir-me doente. E assim foi. Dores de garganta, dores de cabeça, febrões, dores no corpo, nariz entupido e assim tem sido a minha vida esta semana. Tenho tido direito a tudo, não faltou nada. Não é o fim do mundo. É só chato.  Muito chato. Como o meu namorado. 


segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Tudo se faz tudo se resolve

Tenho uma amiga que é o cúmulo do stress e da ansiedade,  consegue a proeza de ser pior do que eu. Uma vez contou-me que quando sente que está a chegar ao "ponto de ebulição" face às contrariedades da vida, repete para si "tudo se faz, tudo se resolve". 
Admito que ultimamente ando a tentar fazer o mesmo exercício. E se pensarmos bem, excepto os fatídicos casos,  como o do meu pai, em que falamos de graves problemas de saúde, todas aquelas chatices diárias que se vão acumulando no dia a dia, parecem-nos à partida muito mais dramáticas do que aquilo que realmente são. O que distorce tudo, na minha opinião, é a ansiedade, o cansaço, o desgaste do mais do mesmo. Como escrevia Saramago em "Clarabóia" é "a morfina dos dias". No meu caso sinto que a vida anda a passar por mim e eu nem dou por isso. Sinto o passar dos meses com a chegada das contas e a fazer contas à vida, ou melhor ao mês. Entre casa, trabalho e namorado o tempo vai passando, reclamo como toda a gente que o tempo passa a correr, porque provavelmente não o ando a saborear. Mas se das coisas que pretendo fazer, neste ano que a nível financeiro se avizinha o pior de todos para mim, é aprender a saborear o que tenho em vez de me entregar à frustração de pensar no que não tenho, e gostava de ter.E não são poucas coisas acreditem. Como qualquer comum mortal tenho fortes desejos de consumo aos quais não posso sucumbir, mas posso sonhar. A falta de dinheiro vai trazer-me outras coisas boas que não se compram. Disso tenho certeza. Ou se se comprarem, tenho a certeza de que não serão demasiadamente caras. 

Boa semana

A minha secretária onde sempre começa e muitas vezes acaba o meu dia...


sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

O que não nos mata...

E pedia ela um mês de Fevereiro mais tranquilo, enquanto o universo ria e esfregava as mãos ao pensar " nem sonhas o que te espera". Não passou ainda nem uma semana e já rebentou outra bomba na minha mão. O estado de nervos em que me encontro ainda não me permite escrever sobre o que aconteceu. Mas basta dizer que mete ao barulho duas palavrinhas lindas, que todos sorriem quando ouvem o seu doce som a sibilar entre os lábios: "penhora" e " segurança social". Pelo menos ninguém morreu. Só mesmo a minha esperança num país melhor. Já consegui parar de barafustar e de chorar portanto deve faltar pouco para aceitar o que aconteceu, com a certeza de que se sobreviver a este ano pelo menos três coisas fico de certeza: (ainda) mais pobre, mais forte e mais sábia. 


quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

"Cá se vai andando com a cabeça entre as orelhas"

Janeiro foi no mínimo um mês intenso, cheio de altos e baixos. Na verdade mais baixos do que altos mas enfim. Pelos primeiros dias de Fevereiro sinto que será um mês mais tranquilo. E eu bem preciso dessa tranquilidade para digerir tudo o que este novo ano me trouxe.
As coisas boas resumiram-se como já aqui falei, ao facto de saber que o tumor que retirei do peito no final de 2013, era felizmente benigno. Também tive muito trabalho e isso é bom. 
Mas Janeiro levou-me a minha avó, que morreu dia 17 com 87 anos, vítima de uma pneumonia. Não vale a pena estar aqui a expressar a dor que isso trás porque quase toda a gente consegue empatizar com a mesma. O meu pai morreu no último dia de Janeiro de 2010 e todos aqueles rituais de despedida da minha avó (velório, pêsames, enterro) fizeram-me viver fantasmas dolorosos, que apesar de estarem sempre comigo na maioria do tempo, estão adormecidos. E é nestas alturas que me atingem e não tenho outra escolha a não ser lidar com eles e inevitavelmente, sofrer. O Inverno tende a levar-me as pessoas que amo, é o que posso concluir. 
Por outro lado, apesar de ter tido muito trabalho, sou freelancer e só costumo receber a 60 dias. Janeiro foi então um mês especialmente apertado a nível financeiro, como não o era há meses, em que andei em stress, literalmente a contar tostões para que nenhuma conta ficasse por pagar e nada faltasse para assegurar o mínimo conforto e bem- estar aqui por casa. 
Como se tudo isto não bastasse, uns dias depois da morte da minha avó, recebo a meio da noite um telefonema da minha mãe, a dizer-me que sentia um forte aperto no peito, não conseguia respirar e achava que lhe ia dar algo. Corri até ficar sem fòlego até à casa dela, a cerca de três minutos a pé da minha, e quando lá cheguei toca de ir para o hospital. Afinal foi um pico de tensão e o coração também estava em arritmia. Já está a ser medicada mas todos os dias tenho de lá passar por casa para me certificar que tomou o comprimido, qual menina pequenina e teimosa e dar-lhe um sermão para continuar a ver a tensão e marcar uma consulta a sério no médico de família. Escusado será dizer que com estes problemas de coração da minha mãe, o meu anda em sobressalto. Já perdi o meu pai, mal vejo as minhas irmãs e sobrinhos e a minha mãe é tudo o que tenho de bom e incondicional neste mundo. Não saberia viver sem ela. Juro que não. 
Por fim, como a médica me aconselhou a parar de fazer exercício durante um mês depois da cirurgia (já lá vão quase dois), com as épocas festivas e com o facto de ainda continuar a comer desregradamente, como forma de  me compensar afectivamente, da última vez que me pesei já cá cantavam cinco quilos extra. Que além da mossa na minha auto-estima ainda me vão fazer sofrer muito para dar cabo deles. 
E posto isto esperam-se melhores dias, ou pelo menos mais tranquilos. E como canta o Sérgio Godinho no "Coro das Velhas": "Cá se vai andando com a cabeça entre as orelhas". E enquanto assim for, não é mau.