quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

"Cá se vai andando com a cabeça entre as orelhas"

Janeiro foi no mínimo um mês intenso, cheio de altos e baixos. Na verdade mais baixos do que altos mas enfim. Pelos primeiros dias de Fevereiro sinto que será um mês mais tranquilo. E eu bem preciso dessa tranquilidade para digerir tudo o que este novo ano me trouxe.
As coisas boas resumiram-se como já aqui falei, ao facto de saber que o tumor que retirei do peito no final de 2013, era felizmente benigno. Também tive muito trabalho e isso é bom. 
Mas Janeiro levou-me a minha avó, que morreu dia 17 com 87 anos, vítima de uma pneumonia. Não vale a pena estar aqui a expressar a dor que isso trás porque quase toda a gente consegue empatizar com a mesma. O meu pai morreu no último dia de Janeiro de 2010 e todos aqueles rituais de despedida da minha avó (velório, pêsames, enterro) fizeram-me viver fantasmas dolorosos, que apesar de estarem sempre comigo na maioria do tempo, estão adormecidos. E é nestas alturas que me atingem e não tenho outra escolha a não ser lidar com eles e inevitavelmente, sofrer. O Inverno tende a levar-me as pessoas que amo, é o que posso concluir. 
Por outro lado, apesar de ter tido muito trabalho, sou freelancer e só costumo receber a 60 dias. Janeiro foi então um mês especialmente apertado a nível financeiro, como não o era há meses, em que andei em stress, literalmente a contar tostões para que nenhuma conta ficasse por pagar e nada faltasse para assegurar o mínimo conforto e bem- estar aqui por casa. 
Como se tudo isto não bastasse, uns dias depois da morte da minha avó, recebo a meio da noite um telefonema da minha mãe, a dizer-me que sentia um forte aperto no peito, não conseguia respirar e achava que lhe ia dar algo. Corri até ficar sem fòlego até à casa dela, a cerca de três minutos a pé da minha, e quando lá cheguei toca de ir para o hospital. Afinal foi um pico de tensão e o coração também estava em arritmia. Já está a ser medicada mas todos os dias tenho de lá passar por casa para me certificar que tomou o comprimido, qual menina pequenina e teimosa e dar-lhe um sermão para continuar a ver a tensão e marcar uma consulta a sério no médico de família. Escusado será dizer que com estes problemas de coração da minha mãe, o meu anda em sobressalto. Já perdi o meu pai, mal vejo as minhas irmãs e sobrinhos e a minha mãe é tudo o que tenho de bom e incondicional neste mundo. Não saberia viver sem ela. Juro que não. 
Por fim, como a médica me aconselhou a parar de fazer exercício durante um mês depois da cirurgia (já lá vão quase dois), com as épocas festivas e com o facto de ainda continuar a comer desregradamente, como forma de  me compensar afectivamente, da última vez que me pesei já cá cantavam cinco quilos extra. Que além da mossa na minha auto-estima ainda me vão fazer sofrer muito para dar cabo deles. 
E posto isto esperam-se melhores dias, ou pelo menos mais tranquilos. E como canta o Sérgio Godinho no "Coro das Velhas": "Cá se vai andando com a cabeça entre as orelhas". E enquanto assim for, não é mau. 



5 comentários:

  1. Tanta coisa..... espero que o Fevereiro te traga efetivamente mais calma :)

    Sem Jeito Nenhum Blog

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  2. Se há frutos que amadurecem com o frio do Inverno, também nós com as partidas, e momentos amargos, que a vida nos vai pregando vamos amadurecendo. Acredito mesmo que nos tornamos melhores pessoas.
    Apesar de toda a sequência de episódios menos bons, sinto na sua escrita otimismo. E é essa força, esse acreditar que nos faz andar para a frente...
    Beijinho*

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    1. Obrigada pelo suas palavras Liliana. Acredite que hoje estava mesmo a precisar de ler algo assim:)
      Beijinhos

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