terça-feira, 23 de dezembro de 2014

A todos um bom nataaaaaaaaaal

O último post que escrevi foi sobre férias de verão e de um sopro já é Natal. Sendo assim podemos contar, com sorte, com um novo post lá para o Carnaval ou na Páscoa o mais tardar. 
Não sou a maior fã do Natal, mas torna-se quase impossível não nos deixarmos contagiar pela época. Confesso no entanto que por esta altura, com todos os presentes comprados, embrulhados e prontos a ser entregues, os ingredientes e as receitas a postos para um dia enfiada na cozinha sem parar um segundo, só quero que tudo passe. É um misto de excitação, porque sei que são estes encontros, estes afectos e estes sabores que levamos desta vida mas por outro, não deixa de ser tudo stressante e quando acaba respiro fundo e sinto um certo alívio. Seja como for desejo que todos tenham um bom Natal. Seja com muita ou pouca gente, com muita (de preferência) ou pouca comida, seja com muitos ou poucos presentes. O que desejo é que nesta noite todos se sintam felizes e se por mil e uma razões assim não se sentirem que ao menos o espírito natalício lhes traga alguma esperança de que tudo vai melhorar. Como católica, para mim é isto o Natal, a esperança. A esperança que representa o nascimento de um menino, que reza a história, veio ao mundo para o deixar um pouco melhor do que o encontrou. Que consigamos todos fazer um pouco do mesmo. 


quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Acne aos 30? Sim!

Eu julgava que chegada aos trinta, o último problema de pele na minha lista de preocupações sobre a mesma, seria o acne. Rugas? Sim. Manchas? Também. Agora acne?! Pensei que a cara cheia de borbulhas vermelhas e horríveis tinha fica lá para trás, por volta dos meus 18 anos. Até agora. Já não bastava estar a perder o bronze das férias e a recuperar lentamente a minha tradicional cor facial esquálida e deslavada, que para ajudar, não existe um centímetro do meu rosto e pescoço (sem exageros) que não estejam pejados de acne. A minha primeira ideia foi que estava a ter uma reacção alérgica a algum alimento ou produto, mas não introduzi nada de novo na minha rotina por isso estava completamente a leste. Ontem lá fui à dermatologista que depois de muita pergunta acha que descobriu a causa da minha cara estar neste estado lastimoso. Eu, que sempre investi em cremes caros para o rosto durante o ano, chegado o verão fui comprar uma porcaria de um protector solar para rosto, no supermercado. Segundo me explicou a especialista, durante a exposição solar os nossos poros transpiram mais pelo calor e a pele tende a ficar oleosa (no meu caso ainda mais dado ser ultra oleosa). Como eu passei a vida a besuntar o rosto e pescoço com um creme barato, factor 50, com a espessura da argamassa, não deixei os meus poros respirarem e parece que andaram a acumular esta porcaria toda que agora espoletou em cada poro da minha face. Diz que se chama "Acne de Maiorca". Ao menos é um acne chique, com o nome dessa linda ilha balear onde já fui muito feliz, mas não este ano. Agora é fazer o tratamento certinho (máscaras, cremes, água termal, água micelar e antibiótico) e esperar que o peeling que a médica me fez ajude, e isto vá passando. A Dra. lá se compadeceu da minha auto-estima e prescreveu-me uma base própria para usar durante o tratamento. A bem da verdade acho que não disfarça muito mas só me resta isso e a esperança de que chegue depressa o dia em que me olhe ao espelho e não veja esta imagem horrível. A vida não se compadece do acne e continuo a fazê-la de forma normal, mas com a auto-confiança de rastos. O rosto é o nosso cartão de visita e o que nós mulheres fazemos por ele, demostra bem a importância para a imagem que queremos ter e passar. Agora vou começar já a poupar para o protector do próximo verão. Nada menos que isto.

Queria ter posto aqui uma imagem a ilustrar o estado em que a minha cara se encontra mas achei-as todas tão nojentas, para ser sincera, que nem tive coragem. É só ver as imagens no google. 

Um bocado dramático mas pronto...


quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Só regressei ao trabalho há uma mísera semana, depois das férias. Mas sinto como se já tivesse passado um mês...Agora são aquelas semanas em que vivemos em contagem decrescente até ao fim de semana...Coragem! 


O 4º do dia.

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

E o verão passou-se benzinho...

Há mais de dois anos que não passava mais que duas noites fora de casa e este verão precisava mesmo de uma desforra. Foram 19 dias de férias que me souberam pela vida. Regresso morena e gordinha como se quer numa rapariga saudável. Espero perder os quilos ganhos tão facilmente como se vai o bronzeado. Desliguei completamente de tudo, já que onde estava não havia internet, nem tv por cabo, estive nas cavernas portanto.   Mas havia peixe fresquinho, bons gelados, bolas de berlim carregadas de creme, piscina, mar, areia, bons cocktails e sobretudo muito sol. Para me dourar a pele e me fazer recarregar energias para o que se avizinha. Agora é aproveitar estes primeiros dias de regresso em que ainda estamos naquele limbo entre o "é tão bom voltar, já estava com saudades da minha casinha, das minhas coisas, da minha vidinha" e o "já estou a deitar isto pelos olhos, ai o que não dava para fazer as malinhas, mudar de ares e sair daqui para fora por uns dias". Em suma, o ideal reside no equilíbrio, mas esse infelizmente não está ao meu alcance. Perfeito seria trabalhar em doses moderadas, que não excedessem os três meses e intercalar o trabalho com uma boa semana de férias, de preferência, ou na minha preferência, num sítio com mar quente, areias brancas, muito sol e boa comida. Lá chegarei...

Eu, submersa...




quinta-feira, 26 de junho de 2014

Trintonas e encalhadas?

Ontem fez 5 anos que vivo com o meu namorado. Não houveram cá grandes comemorações, foi só mais uma desculpa para comer muito bolo de chocolate. Já passaram cinco anos e a minha relação já viu melhores dias, não o escondo. O meu último namoro durou 5 anos certinhos e estive dois sozinha até encontrar com quem estou agora.  Dois anos muito bons devo dizer. Por isso fazendo bem as contas, há cerca de 12 anos que sou praticamente comprometida. 
Muitas e muitas vezes assolam-me sempre as mesmas dúvidas no que toca à minha relação actual: "ainda valerá a pena quando tudo indica o contrário?", "será que vou ter forças para enfrentar uma separação?", "será que vou conseguir continuar a viver sem dividir despesas ou vou ter de voltar recambiada para a casa da minha mãe?", "mereço melhor ou será que não estou a dar valor ao que tenho?". Tudo muito complicado como dá para perceber. Mas a pior de todas, a dúvida que mais me angustia, é a de que "será que é possível reencontrar o amor depois dos trinta"? Dito assim parece uma estupidez, uma vez que com trinta anos não somos propriamente velhos. Mas nesta sociedade que vive a mil, depois dos trinta tenho ideia que é sempre a decrescer. Sejam nas oportunidades profissionais, seja no amor. No fundo acomodei-me e vivo uma relação que passa mais pela cumplicidade do que pela paixão. É mais do que óbvio que em relações duradouras a paixão é coisa dos primeiros tempos (e que bons que são esses tempos) em que as hormonas estão à flor da pele, a cabeça no ar sempre a pensar nele e o corpo sempre a pedir amor. Com o tempo  e o compromisso sério vem coisas más e chatas, como os problemas financeiras, as discussões por coisas do quotidiano. Os hábitos que antes eram tão fofos, hoje passam a ser detestáveis. Mas também vem as boas como a tranquilidade, o equilíbrio, o companheirismo, saber que podemos contar sempre com aquela pessoa nesse momento da nossa vida e ela connosco porque para o bem ou para o mal assumimos esse compromisso. Ainda que o mesmo comece a pesar e a desgastar-se. Mas mesmo que as coisas assentem, ainda tem de haver paixão e desejo, nem que sejam momentâneos.  
Eu não me sinto feliz é o que concluo. O meu maior medo é o que virá depois. Nunca fui pessoa de sair muito à noite, dada a rambóia, copos, flirts, casos, nada de nada. Não que seja púdica é mais por ser mesmo totó. E acho que ou me contento com o que tenho ou se arrisco provavelmente   definhar, afogando as minhas mágoas em tequilla. A devorar séries, livros e doces. Rodeada de cães que passeio a muito custo pois nessa altura já devo pesar uns 120 kgs e ter um programa no TLC. Mas e se nada disso acontecer?? Se eu me sentir renascida, desatar a treinar que nem uma Carolina Patrocínio, ficar uma boazona, cuidar mais de mim, sair mais, viver mais e quem sabe encontrar alguém. O pior é que sei que com a minha idade e depois de tantos anos fora do mercado vou provavelmente "quebrar a cara" (como dizem os brasileiros) muitas vezes. E a minha paciência para joguinhos infantis de sedução já não é a mesma. Dúvidas e mais dúvidas. É isto a minha existência. A ver vamos. Em breve espero ter novas notícias. 


quinta-feira, 5 de junho de 2014

Pior seria partir uma perna

Quando alguma coisa de errado acontece na vida de alguém, para desdramatizar um pouco a situação, já ouvi quem diga: "pior é partir uma perna". Então e quando alguém realmente parte uma perna? Instala-se o caos é o que tenho a dizer. O meu namorado não partiu propriamente a perna, mas sim o tornozelo em dois sítios. De forma estúpida, a jogar à bola com os amigos. Que raio vai na cabeça destes homens feitos e fora de forma, para acharam que se podem pôr ali armados em Cristianos Ronaldos a correr que nem uns condenados? Certo é que tem a perna esquerda engessada, muitas dores e só se move de divisão para divisão em caso de necessidade extrema e com a ajuda de muletas. Segundo o prognóstico terá de deixar de trabalhar no mínimo durante um mês. E se a minha ansiedade, irritabilidade e impaciência já andavam nos píncaros antes disto, agora correm o risco de atingir níveis históricos. Basicamente ganhei um filho pequeno a quem tenho de providenciar todas as refeições, desde o pequeno-almoço, almoço, lanche e jantar. Sinto-me uma empregada/cozinheira de restaurante, sempre a anotar pedidos, cozinhar, servir o cliente e no final trazer a bica. Só falta mesmo a conta. Essa factura é paga à custa do meu sistema nervoso. É que com a inércia a que a lesão obriga o homem tem comido como se não houvesse amanhã. Pensando bem não tem muito mais que fazer a não ser isso. Só peço a Deus que me dê paciência porque ainda só passou uma semana e eu já tive umas quantas vezes de virar costas, respirar fundo, contar até 50 e voltar para junto dele, para evitar explodir. Tenho lido por esta blogosfera fora que correr é que é bom para descarregar a ansiedade e limpar a cabeça. Talvez me dê para isso. Ou talvez não seja boa ideia, não vá eu também partir qualquer coisa e aí seria o fim do mundo. Não em cuecas, mas em muletas. 


quinta-feira, 29 de maio de 2014

As princesas ai as princesas...

Este fim de semana fui ver o novo filme da minha actriz preferida de sempre, Nicole Kidman. O título do filme, Grace do Mónaco, já diz basicamente tudo acerca do que trata. Descreve uma parte tumultuada da vida da princesa, a nível emocional, e uma fase política complicada para o principado do Mónaco. O filme vale pela interpretação da Nicole, pelo guarda-roupa, e por todos aqueles cenários de luxo e glamour inigualáveis que nos fazem sonhar e suspirar.
O filme gira muito em torno de uma crise existencial da princesa. Que sendo americana e tendo de viver num país europeu longínquo e completamente diferente do seu, se sente só, pouco compreendida e sem conseguir encontrar bem o seu papel e identidade na sua nova função. 
No dia a seguir a ter ido ver o filme, enquanto esfregava o chão da cozinha, pus-me a pensar que o problema das princesas devia ser basicamente tempo e recursos a mais. É que saber que nunca mais na vida teremos que cozinhar o que iremos comer, lavar e passar a roupa que iremos vestir, limpar a casa onde iremos morar ou mesmo fazer e desfazer o leito em que iremos dormir, deve causar um certo aborrecimento. E a juntar a isto tudo, pagar contas ou preocupações com coisas tão prosaicas como dinheiro , ou mais especificamente a falta dele, passam a ser memórias remotas. Mas desengane-se quem pensa que lá por poder ser levemente aborrecido não existem árduas tarefas a ser cumpridas. Têm de estar lindas, impecáveis, celestiais mesmo e isso parecendo que não dá trabalho. Não às princesas é claro, mas ao seu staff de cabeleireiros, maquilhadores, assistentes de compras, personal trainners e personal stylists para ir a Paris provar os Saint-Laurents feitos à medida e ir beber um chá à Maison Valentino. Depois existem sempre as princesas mais modernas, que assim como não quer a coisa lá vão usando um ou outro trapinho da Zara, para disfarçar e gerar a empatia do "seu povo". 
Em suma, eu não me importava nada de ser princesa. Não tinha de ser literalmente, que felizmente mesmo sem título, muitas mulheres tem a sorte de viver vidas de princesa, ou terem encontrado o seu príncipe e serem tratadas como tais. Por estes dias sinto-me a própria da gata borralheira, mas talvez isso seja bom já que sabemos como é que essa história aparentemente acabou. 


Princesa Grace Kelly e a Nicole linda a representar a princesa
Charlene do Mónaco, a nova princesa
Letizia de Espanha, princesa das Astúrias
Rania da Jordânia, esta já não é princesa, é rainha. 

Todas absolutamente deslumbrantes!

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Vou direitinha para o inferno

Quem criou isto vai directamente para o inferno. Porque isto de tão bom, só pode ser pecado. E eu também lá irei parar por pecar tanto. Mas não me importo, porque desconfio seriamente que lá é que está toda a diversão;)
Agora ide ter com os anjos, correr 5Km, beber sumos detox, comer sementinhas e depois peçam para ser canonizados. 

Prisca Seduction Doce de Leite. Também existe creme de limão e compotas  de bradar aos céus ou como digo aos infernos. 

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Fugir

É só mesmo isso que me apetece: fugir. Como diz aquela música bem foleira: "fugir pra bem longe outro lugar…" Mudar de ares, esplanadar, piscinar, praiar. Afastar-me desta rotina que me prende. Casa  para limpar e arrumar, loiça para lavar, roupa por passar, comida por cozinhar, cão doente por cuidar e uma angústia sem fim preocupada com o bicho, o trabalho, os clientes, as reuniões, os compromissos, as contas, passar a vida a fazer contas, as idas ao supermercado, as idas ao médico…Resta-me fechar os olhos, respirar fundo e continuar, já que fugir é apenas um desejo e não uma opção. 

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Pequenos prazeres da vida #7

Acabei de fazer um caril vegetariano e tenho ao forno um bolo de chocolate. Esta mistura de cheiros, as especiarias do caril e o conforto do chocolate espalham-se pela casa e dão-nos aquele conforto de que este lugar, mais do que ser aquele onde moramos, é aquele onde agora pertencemos. 





domingo, 4 de maio de 2014

Coisas de mulher de 30 #2: Ser mãe


Gosto muito do dia da mãe. É simples, amo muito a minha mãe. É a pessoa mais importante para mim no mundo, agora que o meu pai já cá não está. A minha mãe chorou no início deste ano a morte da sua própria mãe, a minha avó. Que não foi para ele uma boa mãe. E é isso que mais admiro na minha mãe, ela conseguiu dar-me e ainda continua a dar até hoje amor, apoio incondicional, afecto, mimo e contenção, ou seja, ela conseguiu dar-me a mim o que nunca recebeu da mãe dela. Não sei como o fez, não sei com quem aprendeu a ser tão boa mãe, mas talvez hajam coisas que não se aprendam e na sua génese a maternidade é provavelmente uma delas.Quando uma mulher chega aos trinta, seja por parte de quem a rodeia, seja de si para si, a questão da maternidade começa a estar em cima da mesa. O relógio está a contar e nestas coisas o tempo passa depressa e é ingrato para as mulheres. Sabemos que com o avançar dos trinta a fertilidade vai decrescendo, é mesmo assim e a energia de uma mulher de 35 ou 40 anos não é igual a uma de 25 ou 30 para cuidar de um bebé. E se começamos a produzir tarde, a tendência também é produzir pouco. Já esticámos o prazo para ter o primeiro, não nos podemos alongar se queremos ir a um segundo ou terceiro. E em cima de tudo isto sabemos que o corpo já não recupera da mesma forma do que quando somos mais jovens. Em suma, a mãe natureza diz-nos que devemos ter filhos cedo, o ideal ali entre os 25 e os 35, a sociedade actual diz-nos que devemos ter filhos cada vez mais tarde ou se calhar talvez nunca. Costumo dizer que o meu relógio biológico, a existir, está sem pilha, avariado. Mas talvez seja só uma defesa para não sofrer por saber que chegada aos trinta a última coisa que poderia ser era mãe. Não tenho uma relação amorosa que me dê estabilidade emocional e não tenho possibilidades financeiras para ter um filho.O melhor é mesmo não pensar muito porque isso aumenta a probabilidade de viver angustiada com esse desejo impossível. Talvez um dia o meu relógio desperte. Se a minha relação melhorar ou se encontrar alguém com quem esse projecto a dois faça sentido. Se a vida também melhorar financeiramente e eu tenha mais trabalho e consequentemente mais dinheiro e possibilidades de sustentar um filho. Porque sem amor e sem dinheiro eu não sou feliz. E neste momento da minha vida escasseiam ambos.E eu sei que só feliz serei boa mãe. E eu quero ser no mínimo tão boa mãe como a minha mãe é para mim. E isso não é fácil. 

Fica um vídeo que apesar de ser de um anúncio acho muito bonito sobre as mães. E feliz dia da mãe para quem o é. 


sexta-feira, 18 de abril de 2014

O dia que mudou a minha vida

Aqui está o médico que mudou a minha vida, para melhor, muito melhor. Além de ser um excelente cirurgião também é uma excelente pessoa, que nunca me falhou neste processo complicado. Desde que me lembro, sempre transpirei excessivamente das mãos, dos pés e das axilas. Quem comigo andou na escola/liceu/faculdade, decerto se lembra do constante limpar das mãos aos lencinhos, de escrever sempre com uma folha por baixo da mão para não esborratar ainda mais o papel, ou de conduzir com um pano debaixo do volante para aparar as pingas de suor. Lembro-me que na escola primária a minha professora me dava grandes reprimendas porque os meus trabalhos de colagem com papel saiam uma bela porcaria, pois claro. Tinha as mãos literalmente encharcadas. Quando entrei no mercado de trabalho e na vida adulta, em que os apertos de mão se tornam no cumprimento da praxe em situações formais, a situação piorou. Evitava-os ao máximo e quando tinha mesmo que ser ficava imensamente constrangida. Identifiquei-me muito com o testemunho que está aqui no vídeo de outra doente. Pensei que teria que viver toda a vida assim, até que um dia, encontrei por puro acaso num jantar o Dr. Jorge Cruz, que surge na peça, e que é só um dos maiores especialistas a nível mundial na área do estudo e tratamento desta doença. Não existem mesmo coincidências... .Ao apertar-me a mãe me disse: "a menina tem hiperidrose". E eu: "Desculpe?". Logo ali me explicou, com toda a paciência que afinal o que eu tinha era uma doença e que tinha cura. Deu-me o seu cartão se um dia quisesse ir a uma consulta para aprofundar-mos o assunto. Isto foi em 2007 e só em 2010, volvidos 3 anos, ganhei coragem e peguei naquele cartão que nuca perdi, liguei e marquei a consulta. Uma semana depois estava na mesa do Dr. no Hospital da Cruz Vermelha pronta para o que desse e viesse. A recuperação não foi fácil confesso. Pelo menos no meu caso, devido a algumas pequenas complicações mas que facilmente superei e sempre com o apoio e serenidade do Dr. Jorge Cruz que nos faz desdramatizar as coisas. Já passaram 4 anos e não me arrependo nada. Antes pelo contrário gostava era de ter feito isto uns 15 anos antes. Nunca mais transpirei das mãos ou das axilas. O discurso já vai mais do que longo e assim como assim já ninguém o deve estar a ler a este ponto. Mas resumindo, mudou completamente a minha vida, a minha auto-estima, a minha segurança nas relações sociais etc. etc. Descobri um novo mundo ao qual as "pessoas normais" nem valorizam. Sentir as mãos quentes e secas. Não ensopar papéis, conseguir cozinhar ou comer sem que os utensílios me escorregassem pelas mãos. Ganhar sensibilidade nas mãos. O toque de tudo passou a ser diferente. Enfim, é tudo uma questão de não perder a esperança. A medicina evolui e há cada vez mais e melhores soluções para problemas com os quais achamos que temos de viver toda a vida e não temos. 

Fica o link para o programa "A tarde é sua"

terça-feira, 1 de abril de 2014

Nonsense

Quando as insónias, companheiras de toda uma vida, não atacam forte e feio e eu até consigo dormir tranquila uma noite inteira, sonho. Sonho muito e de forma disparatada como quase toda a gente. 
Esta noite sonhei com a Cristina Ferreira. Não admira, a mulher está em todo o lado. Ligamos a tvi lá está a Tininha, vamos à blogosfera lá está a daily Tininha supé fashion, abrimos uma revista lá está a Tininha a promover mais uma das suas 357 mil parcerias com marcas. Nada contra, mas com tantas imagens da Tininha a proliferar aqui pelo burgo mais dia menos dia ela chegaria aos meus sonhos. Espero não ter de lhe pagar direitos de imagem. Não me lembro muito bem do conteúdo onírico mas sei que metia fotografias, vestidos glamourosos e a Tininha a rir de orelha a orelha, ou melhor a rir do palato à epiglote. O chamado sorriso de hipopótamo, uma das suas imagens de marca.















E já que falamos de coisas sem sentido, já não deve faltar muito para sonhar com o CR7. Dado que é outro que também está em todo o lado. Que ele esteja em todo lado não me importo, mas o que não acho bem é que seja a cara do banco do qual sou cliente. Cada vez que abro o site do e-banking lá está ele, opulento, de braços cruzados com um sorrizinho cínico como quem diz: " olha bem para mim e agora vai lá consultar o teu saldo e chora!". Pelo menos em mim tem esse efeito que cada vez que vejo o meu saldo e me lembro do do CR7 fico com vontade de chorar e muito. Mau marketing é o que é. 




segunda-feira, 31 de março de 2014

Serviços mínimos

Depois de uma boas semanas em que tive algum trabalho e consegui manter o ritmo, como já vem sendo habitual, chega agora uma época mais parada, infelizmente. Tentei não me deixar abater e programei aproveitar o tempo mais folgado para adiar todas as coisas que andava a adiar, e o que eu adio a minha vida…Tratar de burocracias, comer melhor,voltar ao ginásio etc. Pois que já se passou uma semana e cumpri apenas aquilo a que chamo serviços mínimos. Do género cuidar do cão, dar um jeito à casa, ir ao supermercado, cozinhar qualquer coisa e pouco mais. De resto não fiz nada de absolutamente útil. Comer muito e mal, vegetar no sofá, dormir até tarde e sentir-me a pior das criaturas por isso. E pelo que parece andei a perder uma semana de sol espectacular. Vamos ver como é que a coisa corre nesta nova semana que começa, que de tanto adiar a minha vida um dia ela ainda passa de prazo. 


segunda-feira, 10 de março de 2014

Coisas dos trinta #1: não aguentar directas

Quando chegamos aos trinta, uma das coisas que mais se ressente é a nossa capacidade de continuar a funcionar sem dormir. Quando tinha 18 ou 19 anos, nos áureos tempos da faculdade, ficava uma noite inteira com um grupo de colegas a preparar uma apresentação para uma cadeira do dia seguinte, à custa de muito café e muito cigarro. E sem dormir nada de nada, no dia seguinte lá íamos nós frescos e airosos apresentar aquilo e a seguir ainda ir beber uns copos para comemorar. Agora, aos trinta, a história é completamente diferente. Se me arrisco numa noitada de copos o dia seguinte é passado sem me conseguir mexer. Já não aguento ressacas por isso deixei praticamente de beber e sair. Estou velha para esses andamentos e ainda mais velha me sinto quando numa discoteca quase podia ser mãe dos miúdos que por lá circulam. Já no que toca ao trabalho, por vezes os prazos apertam e sobrepõem-se neste mercado competitivo. A palavra "não consigo" começa a ser palavra proibida. "Ok se não consegue eu peço a outro colega seu". Não me posso dar ao luxo de perder clientes e tal como acontece hoje, vou ter de fazer directa para amanhã entregar tudo a tempo e horas. Odeio, mas o que tem que ser tem muita força. Vamos ver se sobrevivo com a preciosa ajuda de cola-zero, chá preto e bolo de iogurte. 

All night long...

domingo, 9 de março de 2014

Hoje não vai ser fácil arrancar-me daqui


Adoro Domingos de Inverno. Mesmo que daqui a pouco tenha de ir trabalhar (vidinha de freelancer) para cumprir uns prazos apertados que surgiram, este é definitivamente o meu dia favorito da semana.


segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Modo de sobrevivência ON

Sabes que alguma coisa tem de mudar na tua vida. Sabes que algo está seriamente errado contigo quando os teus dias se resumem a uma contagem decrescente entre o momento em que, a muito custo, te levantas da cama, e aquele em que voltas para lá. 


quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Uma gripe para mim outra gripe para ti

Eu achava que depois de ter passado cerca de quatro horas de uma madrugada na sala de espera de um hospital público e não ter apanhado nenhuma virose, este ano já não havia bicho que me pegasse. Estava safa. Ainda para mais, tendo em conta que uma dessas horas foi passada com uma mulher virada para mim, a tossir veemente e a contar-me como se sentia doente e cansada, que vivia com um sogro maluco que não a deixava dormir porque passava a noite a gritar e ninguém o convencia a ir ao médico ou a tomar os comprimidos. Dizia-me a senhora que só queria ser atendida pelo médico argentino, o Dr. Javier, que lhe tinha salvo a vida há uns meses quando inalou lixívia e ficou com os pulmões queimados. Não queria ser vista pelo médico ucraniano que era bruto como as casas nem pela médica cabo-verdiana, "a preta" como lhe chamava, que despachava toda a gente a ben-u-ron.
Mas comecei a ver o caso mal parado quando na sexta-feira, dia dos namorados, o meu chega a casa a meio do dia a dizer que se sentia mal e que não conseguia trabalhar. Com quase cinco anos de convivência nunca o tinha visto queixar-se assim. Caiu à cama todo o fim-de-semana queixando-se como se o mundo foss
e acabar. Cuidei dele o melhor que pude mas a paciência às vezes esgota-se e quando acabámos por discutir levo com um: "tu não respeitas nada, nem a minha doença". Isto dito a uma pessoa que viu o pai definhar 7 meses com um cancro no estômago de forma estoica e sem choradinhos tira-me do sério mas enfim. Cada um é para o que nasce. No Domingo à noite já ele se começava a sentir melhor e eu a começar a sentir-me doente. E assim foi. Dores de garganta, dores de cabeça, febrões, dores no corpo, nariz entupido e assim tem sido a minha vida esta semana. Tenho tido direito a tudo, não faltou nada. Não é o fim do mundo. É só chato.  Muito chato. Como o meu namorado. 


segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Tudo se faz tudo se resolve

Tenho uma amiga que é o cúmulo do stress e da ansiedade,  consegue a proeza de ser pior do que eu. Uma vez contou-me que quando sente que está a chegar ao "ponto de ebulição" face às contrariedades da vida, repete para si "tudo se faz, tudo se resolve". 
Admito que ultimamente ando a tentar fazer o mesmo exercício. E se pensarmos bem, excepto os fatídicos casos,  como o do meu pai, em que falamos de graves problemas de saúde, todas aquelas chatices diárias que se vão acumulando no dia a dia, parecem-nos à partida muito mais dramáticas do que aquilo que realmente são. O que distorce tudo, na minha opinião, é a ansiedade, o cansaço, o desgaste do mais do mesmo. Como escrevia Saramago em "Clarabóia" é "a morfina dos dias". No meu caso sinto que a vida anda a passar por mim e eu nem dou por isso. Sinto o passar dos meses com a chegada das contas e a fazer contas à vida, ou melhor ao mês. Entre casa, trabalho e namorado o tempo vai passando, reclamo como toda a gente que o tempo passa a correr, porque provavelmente não o ando a saborear. Mas se das coisas que pretendo fazer, neste ano que a nível financeiro se avizinha o pior de todos para mim, é aprender a saborear o que tenho em vez de me entregar à frustração de pensar no que não tenho, e gostava de ter.E não são poucas coisas acreditem. Como qualquer comum mortal tenho fortes desejos de consumo aos quais não posso sucumbir, mas posso sonhar. A falta de dinheiro vai trazer-me outras coisas boas que não se compram. Disso tenho certeza. Ou se se comprarem, tenho a certeza de que não serão demasiadamente caras. 

Boa semana

A minha secretária onde sempre começa e muitas vezes acaba o meu dia...


sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

O que não nos mata...

E pedia ela um mês de Fevereiro mais tranquilo, enquanto o universo ria e esfregava as mãos ao pensar " nem sonhas o que te espera". Não passou ainda nem uma semana e já rebentou outra bomba na minha mão. O estado de nervos em que me encontro ainda não me permite escrever sobre o que aconteceu. Mas basta dizer que mete ao barulho duas palavrinhas lindas, que todos sorriem quando ouvem o seu doce som a sibilar entre os lábios: "penhora" e " segurança social". Pelo menos ninguém morreu. Só mesmo a minha esperança num país melhor. Já consegui parar de barafustar e de chorar portanto deve faltar pouco para aceitar o que aconteceu, com a certeza de que se sobreviver a este ano pelo menos três coisas fico de certeza: (ainda) mais pobre, mais forte e mais sábia. 


quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

"Cá se vai andando com a cabeça entre as orelhas"

Janeiro foi no mínimo um mês intenso, cheio de altos e baixos. Na verdade mais baixos do que altos mas enfim. Pelos primeiros dias de Fevereiro sinto que será um mês mais tranquilo. E eu bem preciso dessa tranquilidade para digerir tudo o que este novo ano me trouxe.
As coisas boas resumiram-se como já aqui falei, ao facto de saber que o tumor que retirei do peito no final de 2013, era felizmente benigno. Também tive muito trabalho e isso é bom. 
Mas Janeiro levou-me a minha avó, que morreu dia 17 com 87 anos, vítima de uma pneumonia. Não vale a pena estar aqui a expressar a dor que isso trás porque quase toda a gente consegue empatizar com a mesma. O meu pai morreu no último dia de Janeiro de 2010 e todos aqueles rituais de despedida da minha avó (velório, pêsames, enterro) fizeram-me viver fantasmas dolorosos, que apesar de estarem sempre comigo na maioria do tempo, estão adormecidos. E é nestas alturas que me atingem e não tenho outra escolha a não ser lidar com eles e inevitavelmente, sofrer. O Inverno tende a levar-me as pessoas que amo, é o que posso concluir. 
Por outro lado, apesar de ter tido muito trabalho, sou freelancer e só costumo receber a 60 dias. Janeiro foi então um mês especialmente apertado a nível financeiro, como não o era há meses, em que andei em stress, literalmente a contar tostões para que nenhuma conta ficasse por pagar e nada faltasse para assegurar o mínimo conforto e bem- estar aqui por casa. 
Como se tudo isto não bastasse, uns dias depois da morte da minha avó, recebo a meio da noite um telefonema da minha mãe, a dizer-me que sentia um forte aperto no peito, não conseguia respirar e achava que lhe ia dar algo. Corri até ficar sem fòlego até à casa dela, a cerca de três minutos a pé da minha, e quando lá cheguei toca de ir para o hospital. Afinal foi um pico de tensão e o coração também estava em arritmia. Já está a ser medicada mas todos os dias tenho de lá passar por casa para me certificar que tomou o comprimido, qual menina pequenina e teimosa e dar-lhe um sermão para continuar a ver a tensão e marcar uma consulta a sério no médico de família. Escusado será dizer que com estes problemas de coração da minha mãe, o meu anda em sobressalto. Já perdi o meu pai, mal vejo as minhas irmãs e sobrinhos e a minha mãe é tudo o que tenho de bom e incondicional neste mundo. Não saberia viver sem ela. Juro que não. 
Por fim, como a médica me aconselhou a parar de fazer exercício durante um mês depois da cirurgia (já lá vão quase dois), com as épocas festivas e com o facto de ainda continuar a comer desregradamente, como forma de  me compensar afectivamente, da última vez que me pesei já cá cantavam cinco quilos extra. Que além da mossa na minha auto-estima ainda me vão fazer sofrer muito para dar cabo deles. 
E posto isto esperam-se melhores dias, ou pelo menos mais tranquilos. E como canta o Sérgio Godinho no "Coro das Velhas": "Cá se vai andando com a cabeça entre as orelhas". E enquanto assim for, não é mau. 



sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

É nisto que dá...

Ter passado praticamente todas os dias das duas últimas semanas a fazer noitadas para cumprir com os prazos de entrega aos clientes (vidinha de freelancer). Preciso de chocolate para me dar energia. E ele dá e também me dá tantas outras coisas, barriga, celulite… Mas o que é que há a fazer? Para mim, na vida, o chocolate torna tudo, mas mesmo tudo melhor. 
Agora vou continuar que para mim a noite ainda é um feto. 

Por dentro é cremoso. Um escândalo para as pupilas gustativas. 

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

O cúmulo da gula

É ir despejar o lixo à pressa, antes que o namorado chegue a casa, para que não veja as embalagens do McDonald´s que devoraste ao jantar. Já quanto ao bolo de chocolate, que quando ele saiu de manhã cedinho era um círculo cheio e agora se reduz a um mísero triângulo, não sei que desculpa inventar. Talvez carência afectiva. 


quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Bloqueada

O ano de 2014 ainda agora começou, mas já promete ser um dos mais intensos de sempre, a julgar por tudo o que se tem passado no mês de Janeiro. Não tem sido fácil, muitos embates que põem à prova a minha resistência física e sobretudo psicológica. Dou por mim muitas vezes com vontade de correr para aqui e ir registando o que se vai passando e o que vou sentido. Mas acabo por adiar, adiar e a coisa perde-se. Quando a tempestade amainar e vier a bonança conto os detalhes deste mês. Isto na esperança que Fevereiro seja mais calmo, se não o for, cá estarei, para aprender e crescer. 

mulher leoa, sportinguista de gema:) 

domingo, 12 de janeiro de 2014

Até ao próximo natal

Hoje foi finalmente o dia de recolher toda a decoração natalícia. E se para uns isso é motivo de nostalgia, para mim é um alívio. Cada vez que penso que acabaram as festas, ano após ano, o meu pensamento é sempre o mesmo: "sobrevivi". Cumpro todas as tradições numa tentativa de me animar com a coisa, mas nunca acontece. Desde que perdi o meu pai que a coisa esmoreceu na minha família. Só mesmo pelos abraços, beijos e sorrisos dos meus sobrinhos e por tê-los aqui aos cinco, juntinhos na minha casa, já valeu muito a pena esta época. Para 2014 só tenho uma resolução: " nada de resoluções". O susto de saúde que apanhei no final do ano passado faz com que agora só queira viver um dia de cada vez, com a maior tranquilidade possível. O que no meu caso, já é um enorme pedido. 




A arrumação das minhas decorações

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Obsessões Gastronómicas

Depois de ter descoberto o bolo de caneca, agora não há dia que não termine um jantar a deliciar-me com um soufflé de leite condensado (aka baba de camelo ou mousse de leite condensado no forno). 


terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Benigno

Para mim o ano novo só começou verdadeiramente no dia 3 de Janeiro. A sexta-feira em que fui à consulta com a médica que me operou para saber o veredicto final, ou seja, se o tumor de cerca de 3cms que me foi extraído do peito no dia 20 de Dezembro era benigno ou não… E era! Nunca duvidei disso mas no nosso íntimo insistem em vir ao de cima aqueles e se… assustadores. Tudo começou em Outubro deste ano, quando por mero acaso ao passar creme no peito senti uma espécie de caroço na mama esquerda. Ainda andei ali uns dias a pensar que podia ser só imaginação minha, que provavelmente seria qualquer coisa passageira relacionada com a menstruação, mas quanto mais examinava mais se concretizava a certeza de que aquilo não estava ali antes e que não devia estar agora. E se estava eu ainda não tinha dado por isso. Esse foi um erro crasso. Eu nunca tive o hábito de fazer o tão aconselhado auto-exame à mama, e nunca consegui responder quando todos os médicos me perguntavam quando tinha surgido o nódulo. E isso é preocupante. Depois da negação, lá fui à ginecologista que confirmou que sim senhora, ali estava um nódulo e já com mais de 2cm pelo que sentiu. Mas desde logo me tranquilizou que por ser móvel e indolor o prognóstico era positivo e provavelmente não seria nada de grave. Seguiram-se ecos mamárias, mamografias e vim a descobrir que na mama direita também tinha outros dois pequenos nódulos, esses quase imperceptíveis ao toque. Fui encaminhada para uma médica especializada na área das doenças mamárias (senologia) que me disse que o nódulo era para ser retirado o quanto antes, sobretudo pelo tamanho porque também lhe parecia benigno. Uma semana depois da consulta, estava eu vestida com uma bata verde e uma toca, a tremer que nem varas verdes à espera de entrar no bloco operatório, receber a anestesia geral e entregar-me de corpo e já agora alma, às mãos dos médicos. Quando acordei da anestesia a primeira coisa que fiz foi sentir se ainda tinha o peito. E estava tudo no sítio. É que se há coisa que aprendi é que nestas coisas quanto menos pessoas souberem melhor. Porque muitas delas só dizem babuseiras, e nem creio que sejam assim tão bem intencionadas… Eu já não aguentava ouvir nem mais uma história de uma prima de um cunhado do meu irmão por parte de pai, que tinha tido um cancro de mama, ficado sem o peito, feito quimioterapia, perdido o cabelo, o marido etc. etc. Os piores cenários. Quando esse nem sequer era o meu caso. Mas automaticamente toda a gente assumiu que eu, coitadinha, tivesse cancro de mama quando esse diagnóstico ainda estava longe e era improvável. Este ruído de fundo, as perguntas e constantes opiniões começaram a aumentar a minha já natural ansiedade e andei algum tempo com os nervos à flor da pele. Irritada por tudo, com uma resposta ríspida sempre na ponta da língua. Queria o resultado para que me deixassem em paz. E ele lá chegou, e no relatório da anatomia patológica estava lá mesmo escrito "tumor benigno", fibroadnoma como lhe chamam os doutores. Comecei assim o ano da melhor forma. A sentir-me mesmo bem, a recuperar bem da cirurgia e a retomar gradualmente a minha vida normal. É incrível como não damos valor às pequenas coisas, como podermos estar debaixo de um chuveiro a tomar um banho quente sem condicionantes. Estive cerca de duas semanas a ter de tomar o que eu chamava "banho às prestações", com plásticos para não molhar o penso. E também me custou muito estar dependente dos outros. Ter de estar sempre a pedir que me passeassem o cão e que me ajudassem na lida da casa. Nisso como já sabia, tenho simplesmente a melhor mãe do mundo. E muito ficou por dizer mas ainda estou a processar o que me aconteceu e a regressar lentamente às rotinas de trabalho e casa. E agora tudo me parece diferente, tudo me parece muito melhor, muito mais valioso. 

Bom Ano