terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Desconectada

O meu velho portátil há muito que andava a ameaçar que já tinha dado o que tinha a dar, eu fui ignorando, até ao dia. Agora escrevo do meu novo brinquedo, uma extravagância de natal antecipada que ofereci a mim mesma, apesar de não conseguir deixar de sentir umas pontadas de culpa consumista, dado que o antigo ainda tinha arranjo. Quando fiquei sem computador e consequentemente sem acesso à internet fiquei completamente histérica. Primeiro porque o portátil é o meu principal instrumento de trabalho e temia perder a informação que ele continha e em segundo porque sou completamente viciada na net. Fiquei apenas um dia sem portátil e parecia sempre que me faltava alguma coisa. Fiquei agitada, ansiosa, qual adicto sem o seu vício. 
Lembrei-me então do último bom filme que vi no cinema, "Disconnect" ( em português "Desligados"). O filme cruza três histórias que abrangem temas como problemas conjugais, dificuldades de comunicação entre pais e filhos, cybersexo e cyberbullying. O que todas as histórias tem em comum é o facto dos protagonistas das mesmas viverem, cada um à sua maneira, desligados da realidade, das suas relações pessoais, numa solidão pessoal e íntima colmatada pelo uso da internet e das suas redes socias, através de portáteis, tablets ou smartphones que proliferam e fazem com que estejamos sempre conectados. Ou melhor, cada vez mais conectados com um mundo virtual e cada vez mais disconectados com o mundo real, na minha opinião. Não quero estar para aqui com discursos à velho do Restelo, lamentando a evolução dos tempos e saudosista do que já não volta, não faz o meu género. Sou mais do estilo de viver o melhor possível o presente sem remoer demasiado no passado ou antecipar muito o futuro. Prefiro assim, vivo mais calma. Mas não deixo de ter alguma dificuldade em ver e sentir que andamos cada vez mais auto-centrados e consequentemente cada vez mais distantes uns dos outros. Cá em casa, por exemplo,  são inúmeros os serões em que está cada um para o seu canto, agarrado ao portátil, ao tablet ou ao telemóvel. Calculo que seja mais forte que nós.  O tempo passa a voar e de repente sabemos mais novidades sobre a vida de uma blogger do que de uma amiga que já não vemos há algum tempo. Mas no fundo, acredito que a necessidade de estarmos fisicamente junto de quem gostamos acabará por vingar. Haja fé no ser humano. Quanto ao filme, aconselho vivamente, vale mesmo, mesmo a pena. 





1 comentário:

  1. Ai preciso de uma ipad... preciso de algo que me permita teclar em qualquer sítio, a qualquer hora.

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