domingo, 20 de outubro de 2013

Até onde conseguimos aguentar?


Costumo ir semanalmente ao cinema, sou uma cinéfila inveterada. mas ultimamente têm sido desilusões atrás de desilusões. Valham-me os baldes de pipocas doces para que não fique tudo perdido. O último filme que me fez sair realmente satisfeita do cinema foi o "Blue Jasmine" do Woody Allen. Não me vou pôr aqui armada em crítica de cinema a analisar os diálogos, as interpretações, a fotografia, a banda sonora e eu sei lá mais o quê, que para mim os filmes inserem-se em duas simples categorias:" gostei" e "não gostei". Também ajuda muito o facto de eu adorar a Cate Blanchett e quase todos os filmes deste realizador. Mas desta vez a actriz superou-se, estava perfeita no papel de Jasmin. Uma mulher mentalmente instável, que depois de uma vida repleta dos maiores luxos em Nova Iorque, casada com um magnata das finanças, se vê sem nada após a prisão do mesmo por corrupção, tendo que pedir guarida na casa da irmã adoptiva em São Francisco de seu nome Ginger que tem um gosto duvidoso para roupa, penteados e homens. Da vida sumptuosa que Jasmim levava, restou-lhe o fino trato, a pose quase aristocrática, um tailleur branco Chanel, uma Birkin da Hermés que usa praticamente durante todo o filme e um cocktail de ansiolíticos e anti-depressivos que toma como se fossem smarties, para tentar alienar-se da queda livre em que a sua vida se transformou.


Gostei do filme por muitas coisas mas a principal foi porque me pôs a pensar. Há uma frase que a personagem diz a respeito do facto de ter sofrido um surto psicótico e ter sido apanhada a falar sozinha no meio da rua: "Anxiety, nightmares and a nervous breakdown, there’s only so many traumas a person can withstand until they take to the streets and start screaming”. O que em português seria qualquer coisa como: " Ansiedade, pesadelos e um esgotamento nervoso, a quantos traumas pode uma pessoa resisitir até ir para as ruas e começar a gritar?". E o que me inquietou foi não saber ao certo no meu caso, a resposta a esta pergunta. Sei que a capacidade de resiliência varia muito de pessoa para pessoa. A minha mãe,  por exemplo, é a pessoa mais resistente que conheço. Já passou na vida por coisas terrivelmente duras e sempre conseguiu superar-se e sair fortalecida. Eu acho que isso herdei um pouco dela. A minha vida já teve tantos altos e baixos (ultimamente mais baixos), daqueles mesmo complicados, que quando pensava que se um dia me acontecessem nunca iria resistir e quando esses dias chegaram superei, com sequelas mas aqui estou. Mas isso não significa que durante a travessia das tempestades, não tivesse achado que já não dava mais, o copo já tinha transbordado e só me apetecia desistir. E para mim desistir significaria entregar-me e dar-me como louca, esgotada, uma mulher descabelada as gritos por ajuda no meio da rua. Também duvido que alguém se compadessece mas isso já é outro assunto. Certo é que com 30 anos já tive e continuo a ter a minha quota parte de desaires, daqueles amargos e isso nunca me quebrou, ou mais importante, fez perder a esperança. Eu acredito sempre que se consegui superar antes um obstáculo à minha felicidade, também o conseguirei superar agora e que um dia tudo serenará e encontrarei o equilíbrio tão desejado. Por isso só posso concluir que consigo aguentar muito e que provavelmente só me verão a gritar em plenos pulmões no meio da rua, 
quando o meu Sporting for campeão. 


4 comentários:

  1. Tenho de ver. Adoro a Cate, apesar de não gostar mesmo mesmo nada do realizador.

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  2. Gosto tanto da Cate Blanchet, ela é fantástica!

    Já agora, acho muita piada ao nome do teu blog.

    http://newblackis.blogspot.pt/

    https://www.facebook.com/TheNewBlackIs

    beijo

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  3. Por acaso ainda não vi esse filme :). Assinado "Outra na casa dos 30" :P

    www.semjeitonenhum.com

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  4. Hmmm fico com a tua dica. O último que fui ver foi o The Conjuring, e gostei.

    Beijinho e boa semana *

    http://agatadesaltosaltos.blogspot.pt/

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